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Advocacy é instrumento de sociedade democrática para formulação de políticas públicas

Spotlight

Updated: Apr 26, 2022

Ação também pode servir para conscientizar determinados públicos sobre algum problema


Em uma democracia, todos os cidadãos têm voz para exercer sua cidadania. Por isso, indivíduos, grupos de pessoas, entidades ou empresas podem se organizar em favor de uma causa para influenciar a formulação de políticas públicas, conscientizar a população sobre uma questão que impacta na vida da comunidade ou encaminhar verbas do Estado para a solução de determinado problema. Tudo isso é o que chamamos de advocacy.


Ou seja, advocacy é quando esses grupos se organizam em favor de uma causa e traçam uma estratégia de convencimento e argumentação para implantar determinada mudança positiva para a sociedade.


“O advocacy reúne metodologias para fazer a defesa do interesse público. Ele engloba vários conteúdos, como comunicação, RP, marketing e publicidade. E pode ser lobby também. Lobby entendido como uma ação de influência junto aos formuladores de políticas públicas”

define Rodolfo Gutilla, que é sócio da Cause, empresa que já desenvolveu mais de 70 projetos de advocacy no Brasil.


Por aqui a palavra lobby tem tom pejorativo, por estar associada a ilegalidades, grupos de interesse ou pagamento de propina a políticos. Nos Estados Unidos, porém, o termo é utilizado para definir o trabalho de argumentação e convencimento que várias organizações da sociedade civil fazem, tanto ao público em geral quanto aos formuladores de políticas públicas, em benefício de suas causas.


“Lobby é uma profissão regulamentada nos Estados Unidos desde 1946 por meio do Lobbying Act. Por isso que não existe lobby do bem ou lobby do mal. Existe lobby. Porque o resto é tráfico de influência, crime, corrupção”


No meio político, o advocacy pode ser fundamental para resolver questões que atingem determinados grupos ou a sociedade como um todo. A solução muitas vezes não é adotada por uma série de fatores: as pessoas não conhecem o problema, os recursos financeiros não foram disponibilizados, não houve trabalho de convencimento dos gestores públicos ou falta vontade política.

O advocacy acontece em democracias quando determinado setor se organiza para apoiar uma causa ou a adoção de determinada política pública

Um exemplo foi a formação da Go All, uma coalizão entre várias entidades da sociedade civil que buscou a mudança de legislação para que houvesse um mapeamento da incidência de câncer no Brasil. Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), ONG Oncoguia, Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) e Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), entre outras entidades, participaram do grupo.


“O Brasil não tinha uma legislação de notificação de pacientes portadores de câncer. Se você não sabe quantos pacientes tem no país, não consegue fazer políticas públicas. A soma de todos os casos dará a exata dimensão do que o país precisa fazer na luta contra o câncer”


conta Rodolfo.


“A Cause identificou uma parlamentar sensível ao tema, que apresentou um anteprojeto de lei que foi aprovado. Agora a lei precisa ser regulamentada. Isso leva tempo”

acrescenta.


Nem todo trabalho de advocacy é relacionado à política. Há outras formas de atuação. Em 2015, uma farmacêutica procurou a Cause para conscientizar a classe médica sobre a hipercolesterolemia familiar (HF), doença grave, de origem

genética, que é caracterizada pela elevação acentuada do nível de LDL (colesterol ruim) no sangue. Os grupos com maior incidência são mulheres e população negra. Na época, a OMS (Organização Mundial da Saúde) estimava que haveria cerca de 300 mil portadores da doença no Brasil. Mas só 6.000 casos tinham sido diagnosticados.




“Era preciso fazer um trabalho de conscientização da classe médica, dos profissionais de saúde e dos servidores públicos da área sobre a doença. Foi necessário informar os pediatras, porque existem muitas crianças portadoras da enfermidade que não tinham acesso ao diagnóstico e tratamento. Nessa ação, a Cause fez um trabalho de engajamento e conscientização”

lembra Rodolfo.


O trabalho foi importante, já que atualmente a doença atinge ainda mais pessoas no Brasil. De acordo com pesquisa recente, a incidência da hipercolesterolemia familiar na população mundial é de um indivíduo a cada 311. No Brasil, 800 mil cidadãos sofrem de HF, o que representa um a cada 263 pessoas.






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