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Capitalismo Regenerativo

Spotlight

Baseado no texto original de Michael J Gelb traduzido e editado pela Spotlight


O CEO da Johnson & Johnson, Alex Gorsky, fez um comentário acerca do destaque recente do Business Roundtable sobre a declaração de que a doutrina de ditadura do acionista (shareholder primacy) está defasada.


Nas palavras do CEO da Johnson & Johnson, “não é uma conquista, é um chamado para ação” (“it isn’t an achievement, it’s a call to action.”)


Por que tantas empresas, líderes globais, estão começando a despertar para esta tendência? De fato, estão repensando as principais premissas que orientam o que fazem?


Adam Smith, o gênio da economia e da psicologia social, gerou a estrutura para o capitalismo contemporâneo. Provavelmente, a esse respeito diria que a desaprovação pública pesa na consciência de líderes de negócio e acaba por encaminhar a mudança.



Em A Riqueza das Nações, Adam Smith fez uma previsão extremamente assertiva, ou seja, o livre mercado gera uma prosperidade sem precedentes. Além disso, exerceu grande influência para a definição dos fundamentos da identidade dos Estados Unidos. Visto que no início dos anos 1770 jantou com Benjamin Franklin em Edimburgo.


Antes da publicação da obra A Riqueza das Nações, Smith publicou a Teoria dos Sentimentos Morais. Nesta obra, propõe uma filosofia ética sobre a qual o capitalismo e todas as instituições da sociedade deveriam se pautar.


Em seu entendimento, o capitalismo é um sistema de cooperação baseado no equilíbrio de motivações humanas fundamentais, tais como: o interesse próprio e a preocupação com o próximo. Pois não somos apenas criaturas egoístas, uma vez que isso nos faria sociopatas.


Smith enfatizava a ideia de que o capitalismo precisava de uma consciência. Para ele, o lucro não era um fim em si mesmo, mas sim os meios para promover o bem comum.


Contudo, ao longo dos tempos as coisas foram se encaixando em outra dinâmica, distinta da ideia de Smith. De fato, desde 1970, quando o argumento de Milton Friedman sobre a ditadura do acionista se tornou um dogma na maioria das escolas de negócio.


Assim como os relatórios de resultados trimestrais passaram a se tornar mais importantes do que os interesses de longo prazo dos stakeholders, as coisas deram errado.


De fato, sobrou histórias dramáticas de óbvias organizações sociopatas. Se quiser checar essa informação, basta fazer uma busca na internet por “Most Hated Companies” ou “Sociopathic Capitalism”. Veja os resultados e observe que encontrará nomes familiares.

Sem dúvida, o “business as usual” da maioria das empresas contribuiu para que mais da metade dos lares americanos sejam insolventes. Além disso, ajudou para aumentar a disparidade entre ricos e pobres nos últimos 40 anos, bem como os índices de suicídio alcançaram o patamar de 25% nos últimos 20 anos.


Smith era profundamente comprometido em ajudar os mais pobres e as pessoas sem direitos por meio da ideia de dinamismo do capitalismo. De fato, ele sempre enfatizou que a sociedade é interconectada e, por isso, o aumento da pobreza deve ser combatido para o benefício de todos.


Até recentemente, a maioria das grandes empresas acreditava que os departamentos de “responsabilidade social corporativa” e “iniciativas sustentáveis” poderiam ser suficientes para aliviar a desaprovação pública.

Contudo, existe um flagrante conflito entre responsabilidade social corporativa e a recompra recorde de ações. De fato, está cada vez mais claro que a existência de iniciativas sustentáveis não são suficientes para mitigar os desastres ambientais.


Tais esforços são amplamente vistos como esquemas de relações públicas e, no máximo, como insuficientemente paliativas.


Ainda existem companhias que operam de acordo com o ditado de Friedman, ou seja, a responsabilidade social das companhias é gerar lucro.


No entanto, estão enfrentando dificuldades para vender suas iniciativas de responsabilidade social corporativa para os colaboradores e o público.

Sem dúvida, cada vez mais as pessoas estão percebendo que a noção de “sustentabilidade”, não é sustentável.


Todavia, nós temos de fazer ao contrário. Ou seja, temos de fazer como a Business Roundtable e muitos outros estão fazendo. Temos de compreender, reorganizar nossas prioridades e colocar pessoas e o bem-estar geral em primeiro lugar.

Isso traz uma boa notícia, que é justamente o fato de que as empresas que fazem isso descobrem que estão se tornando mais lucrativas no longo prazo.

Sem dúvida, isso é facilmente demonstrado, de forma convincente, pelas pesquisas do meu coautor Raj Sisodia e seus colegas. Trata-se do chamado de Capitalismo Criativo por Bill Gates e Capitalismo Consciente por John Mackey e pelo próprio.


E eu estou sugerindo um novo nome: Capitalismo Regenerativo.

Algumas organizações no Brasil e no mundo já colocaram em prática este novo tipo de capitalismo. De fato, muitos foram inspirados pelas suas lideranças, que propuseram uma nova forma de fazer negócios.


No prefácio do livro Empresas que Curam que reedita sua parceria com Sisodia, este último conta como foi o seu momento de epifania quando elaborou pela primeira vez a teoria do Capitalismo Consciente (mais tarde, Regenerativo):


Em junho de 2005 quando pesquisava histórias de como algumas empresas que estavam demonstrando profunda e autêntica preocupação com seus consumidores colaboradores e a sua comunidade eu me vi com lágrimas nos olhos. Eu percebi que "há um jeito melhor".

E continua dizendo que:


[...] descobri um bônus para este "jeito melhor": Não era apenas mais humano e carinhoso, era inclusive mais lucrativo.

(Prefácio Empresas que Curam, 2019)


A democracia moderna e o capitalismo criaram suas raízes nos Estados Unidos, mas se desenvolveram aqui e se espalharam por outras partes do mundo. Apesar das dificuldades e contratempos, continuam sendo a dupla esperança para o bem-estar da sociedade.


Todavia, estamos em um ponto de inflexão, uma bifurcação na história. Por isso, temos de evoluir os conceitos operacionais para que possamos enfrentar as crises do nosso tempo.


Os negócios estão equilibrados para desempenharem papel chave nessa evolução, que pode curar o planeta. De fato, pode proporcionar maior prosperidade, abundância, saúde e felicidade para milhares de pessoas que estão passando necessidades.


Sem dúvida, quando os líderes despertam as suas consciências, começam a descobrir a criatividade necessária não só para sustentar nossas vidas e demonstrar responsabilidade. Principalmente, para curar e regenerar nossa sociedade.


Caso queira ler o artigo na sua versão original de Michael Gelb, em inglês, clique aqui



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