Ao estabelecer propósitos em ecossistema em que atua, empresa mostra como quer ser vista
Este é o nosso último texto da série dos 4 pilares do Capitalismo Consciente. Esperamos que eles tenham gerado reflexões sobre como você pode gerar impacto positivo no mundo por meio do seu negócio.
Como sempre, sem mais delongas, o texto.
Você provavelmente já trabalhou em um ambiente em que cada funcionário pensava apenas em si. Todo mundo queria atingir as metas individuais de produtividade, sem se preocupar com as dificuldades enfrentadas pelo companheiro do lado. Um novo contratado recebia cumprimentos efusivos na frente do chefe, e solene indiferença quando pedia auxílio para utilizar as ferramentas do sistema.
Ninguém esquece, porém, daquela empresa em que os trabalhadores atuavam em sintonia. A liderança buscava criar um ambiente agradável, respeitando as diferenças. Assim, o bem-estar de cada membro da corporação era fundamental para a atuação do grupo. O trabalho em conjunto refletia em crescimento da produção e harmonia. Esses locais geram prazer em trabalhar e saudades para quem um dia partiu para novos desafios profissionais.
Mas como fazer com que as equipes atuem em sinergia por um propósito comum? É com a implantação na empresa de uma cultura responsável, um dos pilares do capitalismo consciente, modelo de gestão surgido nos Estados Unidos no início deste século.
“Quando a gente fala em cultura responsável é o coletivo do comportamento das pessoas, dentro e fora da organização, a favor de uma causa maior, de um propósito. É esse coletivo de comportamentos e valores que uma organização e seus stakeholders pregam e praticam”
ensina Thomas Eckschmidt, um dos autores de “Ativador de Negócios Conscientes: Aplicando os fundamentos do capitalismo consciente em sua organização” (Editora Conscious Business Journey, 2020).
Toda empresa possui valores que vão além da busca por lucros, atividade básica de todo negócio. As organizações têm propósitos de existir e consciência do impacto que causam no ambiente em que atuam.
Esses valores, porém, muitas vezes estão escondidos em documentos corporativos guardados a sete chaves ou em algum item quase imperceptível no site oficial da empresa. Líderes, de forma consciente ou não, muitas vezes os abandonam. Não há a preocupação de ensiná-los aos novos colaboradores, que passam a agir de acordo com o que encontram no ambiente de trabalho.
A Enron foi um exemplo de como a ausência de uma cultura responsável pode matar uma empresa. Uma das maiores companhias de energia do mundo, a organização possuía quatro valores: comunicação, respeito, integridade e excelência. Na prática, porém, cada funcionário, para sobreviver naquele ambiente tóxico, agia de maneira egoísta, buscando apenas ganhos individuais, sem se preocupar com um projeto coletivo.
Em 2001, a empresa pediu concordata após denúncia de fraudes contábeis. A Enron havia manipulado seus balanços financeiros, escondendo dívidas de US$ 25 bilhões, e inflado seus lucros.
“Os comportamentos que eles disseminavam e praticavam foram extremamente danosos à empresa. Isso levou a um crescimento extraordinário e, logo em seguida, à falência. Porque não era sustentável”
analisa Thomas, que é palestrante da Spotlight.
O consultor de gestão empresarial estabelece uma diferença entre cultura responsável e consciente. Toda empresa possui uma cultura consciente. Ou seja, uma maneira de atuar, que molda o comportamento dos membros do ecossistema em que atua, sejam funcionários ou demais stakeholders. Ao buscar apenas ganhos financeiros, passando por cima de valores como a preservação ambiental, essa entidade gera comportamentos irresponsáveis em toda sua cadeia produtiva. Ao menos entre aqueles que pretendem manter conexão com a empresa.
A cultura responsável é capaz de pensar o ambiente em que atua e o impacto positivo que pode causar a em seu ecossistema.
“No fundo, a cultura responsável vai fazer com que a energia circule. São os comportamentos a favor dos propósitos e valores, que refletem a forma de liderar e a como os funcionários se apresentam para essa transformação no ambiente de negócio. Essa cultura é a forma com que a organização expressa seus valores para o mundo afora, como ela quer ser enxergada”
afirma Thomas.
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