Ao fortalecer conexões, organização gera valor a todos os públicos e aumenta lucro no longo prazo
Desde cedo aprendemos que toda empresa tem como função primordial ser lucrativa. O lucro é uma premissa básica para as companhias competirem no ambiente de mercado. Mas será que somente o lucro basta? No capitalismo consciente, remunerar os acionistas é apenas um dos propósitos da empresa. É necessário que a organização gere valor para todos os stakeholders envolvidos em seu ecossistema.
Alguns dos stakeholders mais comuns são funcionários, clientes, fornecedores e comunidade. Funcionários estimulados por uma liderança aberta a ideias geram energia criativa para que a companhia possa superar seus desafios. Fornecedores que entendam do negócio da sua companhia estarão capacitados a oferecer inovações.
Clientes que compartilham os valores de sua instituição não serão apenas consumidores de produtos e serviços, estarão engajados com sua marca. Comunidades que conheçam a preocupação da empresa em gerar impacto positivo à sociedade e ao meio ambiente irão promover seu negócio.
“Acho que esse é o grande diferencial. Hoje, as empresas estão investindo em educar o seu ecossistema. Essa educação vai desde a básica, até como consumir, utilizar e descartar”,
explica Thomas Eckschmidt, um dos autores de “Capitalismo Consciente – Guia Prático” (Editora Harvard Business Review Press, 2018).
“Tudo isso faz com que o stakeholder comece a falar: ‘Essa marca está preocupada com o impacto de seu negócio. Quero que ela faça parte do meu futuro.’ Esse é o grande diferencial das empresas que são conscientes”,
acrescenta o consultor, que é palestrante da Spotlight.
Um dos expoentes dessas ideias foi o holandês Paul Polman, ex-CEO da Unilever. Quando assumiu a empresa, o executivo coordenou a elaboração do Plano de Vida Sustentável da multinacional, lançado em 2010, com metas a serem atingidas nos próximos dez anos.
O propósito era ambicioso: dobrar o crescimento da Unilever e reduzir pela metade seu impacto ambiental. A ideia do plano era que, com recursos finitos, era necessário um plano de sustentabilidade que geraria crescimento do negócio a longo prazo.
“Nossos resultados demonstram que a atuação responsável dos pontos de vista social e ambiental faz bem para o negócio. Não há dúvida de que o Plano de Sustentabilidade está fazendo com que sejamos mais competitivos e inovadores, além de ajudar a reduzir riscos e custos e, consequentemente, a aumentar a confiança na companhia e a criar valor para nossos acionistas”
afirmou Polman em 2017.
Esse modelo de negócio de pensar a inserção da empresa em seu ecossistema no longo prazo guia os princípios da BlackRock, maior gestora de capital do mundo, com investimentos de US$ 9,5 trilhões, o que equivale a 5,5 vezes o PIB do Brasil no ano passado. Larry Fink, CEO da companhia, é um dos maiores defensores da mudança de foco das empresas da busca desenfreada por lucro para a integração de todos os stakeholders que são impactados pela organização. (Leia nosso Guest Post Economia da Rosquinha para ter uma outra perspectiva do tema)
“O capitalismo de stakeholder é conduzido por relacionamentos mutuamente benéficos entre você e funcionários, clientes, fornecedores e comunidades nos quais sua empresa depende para prosperar. Esse é o poder do capitalismo”
afirmou Fink.
Toda empresa se relaciona com diversos stakeholders, com vários níveis de proximidade. Ao reconhecer a interdependência desse ecossistema, fortalecendo seus laços, a organização desenvolve um círculo virtuoso que gera valor a todos os envolvidos. No longo prazo, os lucros aumentam.
“O capitalismo consciente não é uma alternativa de gestão. É uma tendência do mercado. A gente está avançando muito forte nesta ideia de que o capitalismo focado só no acionista está superado. Quanto mais tempo a empresa demorar para fazer esse ajuste, menor chance terá de sobreviver”
analisa Thomas.
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