Restrições impostas por Covid-19 aceleraram transformações no sistema de trabalho
Apresentamos mais uma sequência de textos seguindo uma mesma temática. Esta "temporada" contará com 4 publicações sobre o home office, modalidade de trabalho à distância que ganhou significativa relevância durante o isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19.
E nos dá grande alívio, cá na Spotlight Palestrantes, podermos escrever sobre um futuro pós-pandêmico, já que o momento é de consistente retrocesso nos índices de transmissão da doença (mas seguimos nos cuidando).
Com a melhora dos números da pandemia da Covid-19, as empresas têm gradualmente chamado os funcionários, há mais de dois anos trabalhando em home office, para retomarem o regime presencial. Muitos acreditam que só com todos os colaboradores atuando no mesmo ambiente é que a produtividade será efetivamente retomada. Para outros, a emergência sanitária acelerou transformações irreversíveis no sistema de trabalho, que gradualmente vai levar parcela cada vez maior de colaboradores a trabalhar em casa.
Embora o fim da pandemia esteja longe de ser decretado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil neste momento ostenta bons índices. O país já superou 75% da população com esquema vacinal completo (aqueles que tomaram ao menos duas doses ou a vacina em dose única). Entre os paulistas, esse índice é ainda melhor: mais de 85% da população está totalmente vacinada.
Vários Estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, a população já está liberada a andar nas ruas sem máscara, embora proibições em relação a ambientes fechados e transporte público ainda devam demorar serem retiradas. As condições, porém, parecem adequadas para chamar os funcionários de volta às empresas.
Aqui há uma resistência dos colaboradores que se acostumaram ao home office nesse período. Afinal, para boa parte deles o escritório no lar é um local que dá para trabalhar de bermuda e chinelo nos dias mais quentes do verão, não se perde tempo com trânsito estressante ou transporte público lotado, nem é preciso se arrumar para sair. As reuniões por teleconferência tendem a ser mais objetivas para não dispersar a atenção dos funcionários.
Para outros, porém, a casa pode ser um local cheio de interrupções por causa de filhos, animais de estimação e problemas a serem resolvidos no lar. Nem todo mundo consegue ser produtivo longe do chefe, já que a tentação para quebrar a rotina com videogame, transmissões esportivas ou assistir a uma série no meio do expediente pode ser insuperável.
Para alguns, a volta à sede pode ser traumática. Para outros, é o caminho natural para recuperara a eficiência. Para especialistas, é difícil medir se o funcionário é mais produtivo perto ou longe da empresa.
“Tem um primeiro passo nesse processo que é entender o que que é produtividade, saber o quanto é produzir mais. E a dificuldade é maior quando falamos de trabalho intelectual. A gente está aprendendo a medir a produtividade. E as medições do passado não vão servir para o futuro”
pondera o consultor Thomas Eckschmidt, que é palestrante da Spotlight.
De acordo com ele, mesmo organizações que tenham obtido bom rendimento com o trabalho remoto necessitam implementar ao menos um regime híbrido, no qual os funcionários frequentem a sede da empresa e mantenham convivência com os colegas de departamento pelo menos algumas vezes por semana.
“Quando a empresa traz pessoas novas, precisa ter um momento que é o ritual de receber e orientar. Quando você começa algo, tem que ter um ritual de chegada e, em algum momento, o ritual de celebração. E esses rituais vão ter que, obrigatoriamente, ser presenciais para fortalecer essa energia do coletivo”
explica Thomas.
Nem todos os especialistas em gestão concordam com o regime híbrido. Para José Luiz Tejon, doutor e educação e palestrante da Spotlight, com a melhoria dos índices da pandemia é vital para as empresas trazerem todos os funcionários de volta à sede.
“O regime presencial é fundamental em um ambiente corporativo saudável. Não pode virar moda. A reunião de pessoas promove um processo criativo que não conseguimos no ambiente virtual. Para se criar, é preciso interação humana”
afirma Tejon.
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